cuore busy nest

cuore busy nest : . "A ciência nada tem a ver com o inefável: ela tem de falar a vida se quiser transformá-la"Roland Barthes, 1958 (ed. 1997 : 183) : . "Os Céus Dispensam Luz e Influência sobre este mundo baixo, que reflecte os Raios Benditos, ainda que não Os possa recompensar. Assim, pode o homem regressar a Deus, mas não pode retribuir-Lhe" Coleridge (maiúsculas acrescentadas :)

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quarta-feira, janeiro 09, 2008

Destino: Esse Fado Inexorável do Olimpo Antigo e não Pós-moderno


As Três Moiras, John Strudwick

IAM: Vaca Galo, o Destino (Fatum em Latim, étimo do vocábulo português fado)) era, segundo a mitologia greco-latina, uma divindade cega (invisual, para os pós-modernos) a quem deviam uma obediência, igualmente, cega, (igualmente, invisual para os pós-modernos) todos os outros deuses, os semi-deuses e os comuns mortais.

E aonde estavam os ditames fatídicos desde toda a eternidade escritos?

Num lugar secreto, com entrada reservada aos deuses (era mais ou menos como uma discoteca actual reservada aos VIP ou um clube parecido com o do Cebolinha, com uma placa à entrada: "Mortal não entra!". Os porteiros eram como os da noite portista- implacáveis e com boa pontaria!. Só os oráculos, os antepassados do Professor Doutor Makumba, esses coscuvilheiros incuráveis, detiam o poder de interpretar e revelar as prognósticos (desta vez, antes do jogo) escritos no Livro do Destino. Nem Zeus, ou Júpiter, o deus dos deuses, poderia dobrar a vontade indómita, os caprichos inexplicáveis, do Destino, a favor de quem quer que fosse- deuses ou mortais. Era mais ou menos um sistema incorruptível com uma placa: "Não aceitamos subornos, nem cunhas, mesmo do deus dos deuses"! Isto é, as leis fatídicas do Destino (passo o pleonasmo) eram cegas e surdas, mas não mudas, aos apelos e pressões de quem quer que fosse! Bons velhos tempos!!!

A cegueira antiga, moderna e pós-moderna, deste Destino inexorável convertia, assim, em culpados mortais que queriam ser virtuosos. Olha, esta seria uma boa desculpa para muito boa gente da nossa praça pública! Já os estou a ouvir:
- Por que é que vossa selência, uma pessoa de boas famílias, tão limpinho e perfumadinho, se lançou na marginalidade?
- Ó Sua Jurisprudência, o culpado foi o Destino, não fui eu, foi, mais ou menos, como o que aconteceu com os Pezinhos, um lendário grupo larápio-alternativo-criativo, quando se viram na iminência de declarar às autoridades: "Não fomos nós, foram os nossos pezinhos!"


Júpiter, Pai dos Deuses

E quem executava as ordens Fato-compulsivas? As insuportáveis das Parcas! E quem seriam as Parcas? PicaMarreta e Vaca Galo, notem bem, eu disse Parcas, não disse Porcas!!! Bem, as Parcas eram filhas de Zeus (Greg.) ou Júpiter (Lat.) e de Témis, a sua primeira mulher, confundida, geralmente, com a deusa da Justiça, pois mandava tanto sobre a ordem moral como sobre a terrena. Zeus ou Júpiter era um mulherengo incurável- era mais ou menos como um George Clooney do Olimpo Antigo- e até era capaz de se transformar, como a Maya do Star Trek, para seduzir as suas amadas (o George, também, entrou na onda- ele é porteiro, ele é agente secreto, ele
é garçom e, seja o que for, esteja onde estiver, venha quem vier, marche quem marchar, o cachopo é sempre um charmosérrimo sedutor! George, who else?!). Ora, mas voltando ao Olimpo Antigo e deixando o Pós-moderno, Témis deu, então, à luz as três Horas- de seu nome Equidade, Lei e Paz- e as três Parcas, Fates (Lat.) ou Moras (Greg.)que eram, autenticamente, agentes infiltrados, não do Capa Gê do Bê, mas do Destino, também designadas como Filhas da Noite (credo!)! Eram elas Nona (Cloto), Décima (Láquesis) e Morta (Átropos)(sarává, saracuti, afasta, afasta, afasta, delete, delete, delete, erase!) .
Ora, estas divindades são representadas por Homero na Odisseia como figuras míticas que determinam, fiando, o destino pessoal humano, intransmissível e fatal (passo o pleonasmo)- o início, a duração e o caput de todas as atribulações e sofrimentos vivenciais terrenos- de que nenhum mortal se pode escapulir: uma das Porcas, perdão, das Parcas, Cloto (que em Grego significa fiar)) ou Nona (Lat.), juntamente com Ilitia, Ártemis e Hecate, tecia a trama que é a vida de cada um de nós, no fuso; a outra- Décima (Lat.) ou Láquesis (que significa em Grego sortear) -, a que simbolizava a sorte, o acaso, em colaboração com Tiche, Plutão, Moros, entre outros, puxava e enrolava o fio já tecido, cuidando da sua extensão e direcção, sorteando o número de atribulações que caberia a cada mísera vida humana; a terceira, a mais temida- Morta (Lat.) ou Átropos (que em Grego significa afastar)-, coadjuvando Thanatos, Queres e Moros, cortava o dito fio da vida, quando o mortal partia desta para melhor ou pior, conforme as versões; era ela que determinava a morte de cada um dos porcos, perdão, dos parcos dos mortais. Daí a expressão "a vida por um fio". Recebiam estas malandras parquentas directivas de Zeus, para que a ordem natural não fosse, de todo, desrespeitada. Todavia, nem ele podia transgredir a Lei Do Destino que orientava o percurso de deuses e homens, caso contrário, perturbaria a harmonia cósmica, como já foi acima mencionado.

Assim, como o calendário anual romano era solar e o mensal era lunar, Nona (Cloto) seria responsável por tecer o fio da vida intra-uterina, i.e., orientar a gestação até que, não as doze badaladas, mas a nona lua surgisse, ou seja, era a deusa dos nascimentos e do parto; era, então, que Décima (Láquesis) entrava em cena, representando o corte do cordão umbilical, o nascimento terreno de um indivíduo já totalmente definido, orientando o seu crescimento e desenvolvimento existencial; Morta (Átropos), essa malvada, entrava no final da cena, quando as cortinas do palco da vida humana se fechavam.

Minhas queridas pseudo-tias, estão a ouvir? Cuidado, olhem que nem Júpiter, o Pai dos deuses conseguiu alguma vez corromper as Parcas e, quando a cortina se fecha, o tapete que nos leva ao local apropriado à qualidade do nosso percurso não é propriamente vermelho, a cor é de um tom surpresa e é a mesma para todos, o destino da alma é que varia!



A Parca Cloto Força Negra de Paul Sérusier (ó PicaMarreta, repare bem nas palavras: não faça confusão com a Porca Pata Negra!)

Mas, aterrando de novo no Olimpo Antigo, como eram as Moiras, as Parcas, fisicamente representadas? Bem, enquanto que os poetas clássicos as descreviam como mulheres à beira de um ataque de bisturis, i.e., feias e sinistras, com dentes do tamanho de rinocerontes ensimesmados e unhacas do tamanho das da Opetazinha dos Cantos (olha que analogia tão funny e a propósito- já dizia a Margarida Atropelo o Pinto, ai credo, Revelo-o Tinto- "nesta vida, não há coincidências" (vamos lá ver na outra se o postulado se mantém- cheira-me que sim!); os artistas plásticos modernos já as viam como lindas donzelas de aspecto petrarquista (credo, que incongruência organizacional!). Pensando bem, mas não depressa, a diferença de perspectiva seria proporcional à distinta visão de alguns cronistas sociais nacionais quanto a algumas avis rarae da nossa fauna VIP: para alguns céptico-corrosivo-analíticos, estas criaturas são autênticos estafermos a necessitar de urgente recauchutagem e, se possível, aniquilação compulsiva; para outros, os optimisto-coadjuvanto-turbolentos, estas divinas espécie de mens são verdadeiras intemporais musas inspiradoras! Já dizia o poeta: "Mudam-se os ventos, mudam-se as vontades, muda-se o ter, muda-se a aliança"!

Ora aí está o que é o Destino segundo a mitologia greco-latina. Deixemos o da parca mitologia doméstica!!!


Fontes:
Lamas, M. (2000) Mitologia Geral , vol. I, Lisboa: Editorial Estampa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parca

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