Historial da Vaca Galo
IAM: A Vaca Galo é uma personagem criada para uma rubrica infoentretenedora autoflagelante do jornal Nova em Folha da responsabilidade editorial da AE da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (o jornal, não a vaca, que essa é da minha inteira responsabilidade, bem explícita no copyleft: me, myself and I). Assume-se como uma repórter sensacionalista pós-moderna, mais preocupada com os adereços que lhe cobrem o corpinho bovino do que com o trabalho jornalístico sério. Adverte-se já que qualquer semelhança com a realidade, ou com personalidades mediáticas reais terá sido mera coincidência...
Isabel Metello ©
"Portugal Hoje: o Medo de Implodir" - a obra pela perspectiva do seu autor
Espaço informativo autoflagelante: as entrevistas impossíveis de Vaca Galo, a repórter sensacionalista-espectacularizante.
Hoje, o alvo das suas investidas bovinas é o Professor José Gila, ensaísta e filósofo português de renome:
VG: Professor José Gila, li a sua última obra- Portugal Hoje: O Medo de Implodir e só tenho de lhe dizer- achei-a o máximo, um clássico! O Professor é um maroto, mas um grande poeta! Mas tenho de reconhecer que não percebi aquela parte da não inscrição do povo português. Então, se o português que é português se inscreve em tudo que mexe- nos sorteios do arroz Cigala, da revista Nova Gente, no Quero Ser Milionário, no subsídio de desemprego, nos castings televisivos...Estou a perscrutar aí uma certa contradiçãozita, porque, bem pelo contrário, estamos perante um verdadeiro surto de inscrição colectiva!
JG: Ó criatura híbrida acéfala, em primeiro lugar, não sou um poeta, sou um filósofo, sou um ensaísta; em segundo, a premissa da não inscrição de que falo no meu livro pressupõe a incapacidade de transformação do real, de conversão do desejo em acto!
VG: Ah, mas olhe que isso está a mudar...Já viu a quantidade de motéis construídos ao redor da A5? E olhe que, de acordo com fonte segura, a taxa de ocupação diária ultrapassa os 100%! Ah, e quanto ao síndroma de Liliputh? Acha-nos assim tão baixos? Ó Professor, convenhamos, agora já há uns rapazitos saudáveis, de ombros largos e pernas longas e musculadas! E para isso bem que têm contribuído a enorme quantidade de ginásios chiquérrimos e a vertiginosa onda narcísica macdonaldizada pós-fordista!
whose envy welcome outdoor ©?
JG: Baixos? Rasteiros, quer você dizer! E juntando a isso a inveja como desporto nacional de 1ª divisão, posso afirmar que o português se está a converter numa cobra venenosa cada vez mais rastejante! Isto é um caso de reptilice colectiva aguda! Sabe qual era uma das cobras mais venenosas em Moçambique? Era a surucucu! Pior que uma surucucu só esta espécie de víbora lusitana deslumbrada consigo própria e corroída pela inveja, que ataca em bando.
VG: Ó Professor, não seja tão péssimo! Nós até somos uns queridos! Veja lá a quantidade de boas acções que praticamos no Natal, logo numa época tão especial! Já viu como é que são os nossos telejornais, com os locutores a comoverem-se deveras com a desgraça alheia?
JG: Olhe, criatura híbrida acéfala, pare com os seus moralismos de vaca oca, vá mas é desfilar para a Cowparade, que é lá o seu lugar, que eu já não tenho pachorra para a aturar, ou então vá capinar nalgum prado que a queira acolher! Só de pensar nesta entrevista nauseabunda já tenho o título para o meu próximo livro: “Portugal Amanhã Empestado: O Medo de não me Poder Escapulir deste País à Beira Mar Encalhado!”
VG: Catita! E dizia o Professor que não é um poeta, se até fala em rima! Escapula-se, Professor, que isto qualquer dia está mais baixo que o nível médio das águas do mar e aí já nem precisamos de um tsunami para nos afogarmos, qual Narciso no seu prado!
whose terrific tsunami ©?
JG: Ai, você é mesmo lerda! A hibridação a que foi sujeita fundiu-lhe os neurónios! Ó sua surucucu híbrida de índole bovina, não é prado, é lago, e Narciso não morreu devido a um tsunami, mas por causa da sua autocentração!
VG: Pa mim é prado e tsunami e prontos! E o Professor não me cutuque, que eu inscrevo-o já num cruzeiro para o Triângulo das Barbudas! E aí é que vai ver se um português se inscreve ou não se inscreve! Vaporiza-se, tal como no mil novecentos e oitenta e tal do Jorge Orel!
Bem, perdoe o devaneio desta sua humilde serva, suplico-lhe, deve-se à minha tão lusa tendência de esquizofrenicamente alternar o meu registo entre uma arrogância prepotente e uma subserviência degradante, como defende o Professor Sou Eduardo, Logo Penso. Muitíssimo obrigada, Professor, e que o seu livro se converta num best thriller, para que esta horda de ociosos egoístas, hedonistas, condicionados e roídos de inveja acorde e se converta aos postulados do labor e da capacidade crítica activa!Bem, meus caros leitores, esta foi a entrevista impossível com o Professor José Gila, um poeta na pura acepção da palavra, um crítico abrasivo na dupla conversão da mesma! Esta vossa Vaca Galo pede-vos- não nos olvidem, não nos derrubem, não se dediquem demasiado à não inscrição, faz-vos imensamente mal à pele e derruba este país já per si enterrado. Contamos convosco na próxima edição deste espaço autoflagelante. Lembrem-se de um dos nossos lemas: “em tempo de férias cognitivas não se limpam as almas”. Cherioo!
2 comentários:
Olá, gosto do Blogue.
É bonito e bem feito.
Um abraço de;
Soberbo
VG: Sopberbo, obigadíssimas pelo complement...ficamos entenecidas...
Abba Socas de nós ambas as duas em uni-som,
Vaca Gallo e Belita
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