...sempre encarei a inveja como uma emoção patética, ridícula mesmo, porque mais não é do que um atestado de menoridade que o sujeito que a acalenta sobre o alvo a que a destina passa a si próprio...não sei porquê associo-a sempre a olhares, senão femininos (uma mulher invejosa e má consegue ser pior do que qualquer homem, de acordo com o meu raciocínio indutivo, pois detém estratégias dissimuladas de bastidores completamente alucinadas, ainda que, aparentemente muito temperadas...:), pelo menos, efeminados que a cumulam a outro dos 7 pecados mortais - a ira - num misto de animalidade e racionalidade robótica cujo objectivo passa pela destruição de quem despoleta as grandes serpentes que há dentro destas criaturas, i.e., uma perfídia fria, gélida, cortante que é capaz de estraçalhar só para poder reinar, desvitalizante, que seca o coração de quem a acalenta, cegando-lhe o sentido que lhe permite ver o mundo, agora todo revestido de um verde deprimente nada natural...este tipo de ira (tantas vezes modelada por um cinismo asséptico de quem desistiu há muito de cultivar a autenticidade :)
distingue-se claramente daquele que é despoletado por justas indignações face a imoralidades, perante a maldade darwinista de quem compensa, freudianamente, profundos complexos internos de inferioridade com artifícios externos, com os quais se pretende impor aos outros, que encara como alvo a abater, actualizando outro dos pecados que maculam a sua alma- a soberba...
...ora, esta tb não pode ser confundida com dignidade, pois, antes de mais, é indigna por natureza- nasce da vontade instintiva do orgulho de um ego despótico de anular outro que se lhe distingue ou que o confronta, por uma questão territorial (tantas fricções relacionais que não passam disso- lutas territoriais... :)...ora, estas querelas territoriais conhecem como catálise outras duas grandes máculas, marcas de egos exacerbados, sequiosos de um poder inebriante, seja este de que cariz for, com que lustram a sua existência, obcecados por uma avidez algo neurótica por uma matéria que lhes compensa o vazio interior :)
...a gula e a avareza...estes dois associados a um egoísmo auto e hetero-destrutivo, assente na ilusão terrena de que as quantidades industriais de ornamentação obscena e o ouro que se transporta ao peito, nos dedos, nas orelhas ou no banco são um salvo conduto para o paraíso, numa acéfala interpretação de Imortais Palavras Metafóricas Que Elevam o Dourado da Nobreza do Coração, que não dos colares de Guimarães, a Via primordial de Ascensão Espiritual...Ora, esta questão da Nobreza do Arquivo Emocional de cada um é primordial para definir outro pecado :)
...a luxúria que, apesar da percepção do senso comum, nada tem a ver com a fruição saudável e elevada do corpo humano, que deve ser valorizado como um templo, pois é a através dele que nos relacionamos com o Próximo por vários registos e em vários contextos...todavia, valorizá-lo como uma bênção não implica "endeusá-lo" como um fim em si mesmo...a luxúria, aliás, como todos os outros pecados, é despoletada pela maior força de atrito à evolução espiritual- o ego-, mas não o ego enquanto consciência de si (a tal awareness de que fala OSHO :), mas o ego enquanto desistência ou tentativa de anulação do outro que nos é distintivo, pois , actualizando o que dizia Jesus, é fácil amarmos quem connosco se identifica pela ideologia, estilo de vida, tribo urbana...
...o difícil é a descentração que nos permite sair de nós no encontro a dimensões alheias que nos desestabilizam cosmos domesticados e cristalizados, aquilo que Lévinas cria deveria ser levado ao extremo da anulação de si por um "totalitarismo do outro"...mas esta anulação de si não é o prescindir de si enquanto indivíduo autónomo detentor de uma capacidade crítica activa que, mais do que o direito, tem o dever de lutar por aquilo que acredita num espaço público que se pretende aberto à polilogia e à polifonia, como força de atrito à actualização de autocracias e oligarquias, que dele desfrutam em proveito próprio, desprezando os interesses do colectivo nos bastidores, embora os elevem a bandeira no palco (heranças nada iluminadas...:)...bem, e essa não desistência de si enquanto indivíduo distintivo combate outro pecado - a preguiça- ...preguiça que poderia até ser denominada de cobardia existencial, aquela que faz alguém nada dizer e nada fazer face à actuação do mal sobre inocentes, aquela que faz alguém virar costas aos seus deveres de cidadão ou de alma (dependendo da ideologia de cada um :), aquela que inverte princípios e valores que, teoricamente, ergue a manifesto, face a interesses particulares umbiguistas que lhe (des)norteiam o magnetismo da bússola vivencial, pretendendo subverter situações e transformando o lobo na Capuchinho Vermelho e vice-versa, querendo passar por moral aquilo que é anti-ético...
...porque, como diz um Grande Amigo meu, ser-se uma boa pessoa não implica só não fazer mal a alguém (falo daquele mal propositado, consciente, gratuito :), mas, antes de mais, praticar o Bem, tantas vezes, tendo coragem para enfrentar o mal, de forma rinocerôntica, desconstruindo-o e denunciando-o...
NB :) os 7 pecados são mortais não só numa possível (e digo possível perante ideologias não crentes :) dimensão de Vida Espiritual post mortem corporal, mas, igual e essencialmente, nesta que experienciamos, pois são vias de contínua desvitalização...daí que os seus principais seguidores estejam sempre numa ansiedade constante por apagar o vazio interior com estímulos exteriores...estar só ou ter poucos mas bons Amigos (e quando falo de Amizade refiro-me a um dos Amores Sublimes, que exclui conveniências, sempre efémeras e degradantes :) parece-lhes um pesadelo, pois, como bons seguidores dos uivos da matéria, sobrepõem sempre a quantidade à qualidade, a aparência à essência, o concreto ao simbólico, para além de que não deve ser muito agradável olharem-se ao espelho por razões superficiais e estruturais...
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