Em memória da dor de te ver sucumbir
Deixei-te poucos dias depois de perfazer sete anos de
vida, sete anos de uma vivência
rica, plena de felicidade e harmonia. Aprendi contigo a
perseverança
da justiça, a humanidade de quem
quis edificar uma nação, mas acabou
mergulhado numa tão profunda dor, numa tão
amarga desilusão!
Amei-te e odiei-te num
misto de saudade e de revolta,
mas nunca te esqueci, Moçambique, Mátria perdida...
Hoje, volvidos tantos anos de ausência, lembro-te como
a Terra Prometida, aquela onde dei os primeiros passos
e senti, pela primeira vez, o pulsar da vida, mas onde também
inalei, pela primeira vez, o odor nauseabundo da
morte...
Nunca te traí, não esmaguei
o Berço que me eleva a ti, pelo aconchego de um novo,
mas estranho lar; de ti nunca parti, renego tudo o que te nega a ti, transporto-te sempre no
olhar...
Anseio pelas tuas cores, gostaria de me inebriar de novo com os teus odores, deixar‑me ninar pelo som da tua canção...
Duros têm sido os anos sem sentir o cheiro da tua terra molhada, sem sentir o toque persistente da grandeza infinita das gotas de água que inundavam os teus céus...
São largas as esperanças de te reencontrar e profundo o medo de já não te reconhecer...
Queria‑te abraçar com os meus olhos e, de novo, abençoar com o meu coração, mas tolda‑se‑me a razão...
Isabel Metello (Novembro de 2001, à espera da minha Filha)
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