cuore busy nest

cuore busy nest : . "A ciência nada tem a ver com o inefável: ela tem de falar a vida se quiser transformá-la"Roland Barthes, 1958 (ed. 1997 : 183) : . "Os Céus Dispensam Luz e Influência sobre este mundo baixo, que reflecte os Raios Benditos, ainda que não Os possa recompensar. Assim, pode o homem regressar a Deus, mas não pode retribuir-Lhe" Coleridge (maiúsculas acrescentadas :)

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sábado, outubro 13, 2007

Lobby dos sapateiros...


modelo Isabel de Manolo Bahnik 2000 ©


VG: Ó Belita, deixe lá isso que "não se cora sobre peito inflamado"!


Olhe, estava eu aqui a pensar outra vez na pedrite aguda que sempre caracterizou este país à beira-mar encalhado- eu, no outro dia, ia toda lampeira no passeio, quando torço uma das minhas patinhas, partindo o salto dos meus Parolo Pic Nic. A menina acha plausível que o lobby dos sapateiros tenha sempre exercido a sua influência nas autoridades focais deste país? É que as curvas sinuosas das malquistas das calçadas e os buracos entre as pedras são um (a) verdadeiro atentado safardista aos saltos dos nossos sapatos, sandálias, botas e afins; (b) um perigo para a saúde pública; (c) e um dos factores da falta de produtividade da nossa população. Passo a explicar: (a) basta andar um dia sobre uma calçada e lá ficam os saltos todos roídos e sem capas, para não falar quando ficam enfiados entre as pedras e os sapatos ou só o salto ficam para trás, enquanto nós vamos para a frente (um horror e uma humilhação pública!); (b) todas as porcarias, incluindo o cocó dos cães que fazem das nossas calçadas a sua casa de banho pública, se entranham nas reentrâncias da pedra, e não saem mesmo à custa de fortes mangueiradas; (c) uma mulher, na calçada, tem de andar com muito cuidado, como se estivesse a caminhar sobre um campo de minas, ora isso leva muito mais tempo. Compare lá o tempo que as mulheres portuguesas levam a chegar ao emprego sobre pedras traiçoeiras e desniveladas promenando; com o tempo que as inglesas, percorrendo a mesma distância, precisam para voar sobre betão armado, lisinho e uniforme. Agora, multiplique os minutos a mais por 5 milhões de habitantes! Ora aí tem!

Mas por que carga d´água não fazem passeios de cimento? Reservavam as calçadas para zonas típicas como Que Bem, perto do Mosteiro dos Termómitos, da Torre, do Patrão dos Encobrimentos, pois, quando se está na condição de turista, a malta ri-se com a perda de um salto, com o torcer de um pezito, pois é mais uma história engraçada que se pode contar relativa à tipicidade de uma nação. Já os estou a ouvir: Oh, a native Portuguese stone broke my heel! Oh, I twist my ankle on a extraordinary Portuguese stoned path! How typical!
Mas não se julgue que a praga da calçada ataca só em solo lusitano- no Brasil, para onde levámos o conceito, as quedas na calçada preocupam os nossos irmãos- só em São Paulo, de acordo com uma estimativa do Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), relativa aos impactos dos acidentes de tráfego em 2003, 9 em cada 1000 habitantes do centro da cidade já conheceram bem de perto a calçada, esparramando-se no chão, o que levou a uma média de despesas na ordem dos R$ 2,5.000.
E já houve municípios obrigados a pagar indemnizações a vítimas da pedra calcetada abrasivo-calçante!
E não nos deixemos, também, invadir peça ilusão de que a influência tuga só vai até ao outro lado do Atlântipo, não, também vai ao outro lado do Mediterã-neo- já viram o novo anúncio da Caixa Total de Impósitos com os nossos concorrentes do Ó Pá, Ris?, então Dá Cá com os presuntos em banho-maria em bacias de metal, por causa das pedras que encontraram no caminho, depois de enterrarem o carro numa duna? Coitaditos, e já não darem de caras com uma cascavelha, depois do valente pontapé no pedrentulho, já foi uma sorte, senão, em vez da bacia, teriam de se socorrer do antídoto extraído da língua de muitos dos nossos comentadores da Tertúlia Venenosa. Até acho que o slogan do patrocido é: "Com Tertúlia Venenosa não escapa uma, Tum, Tum é o fim, Pum!"

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