cuore busy nest

cuore busy nest : . "A ciência nada tem a ver com o inefável: ela tem de falar a vida se quiser transformá-la"Roland Barthes, 1958 (ed. 1997 : 183) : . "Os Céus Dispensam Luz e Influência sobre este mundo baixo, que reflecte os Raios Benditos, ainda que não Os possa recompensar. Assim, pode o homem regressar a Deus, mas não pode retribuir-Lhe" Coleridge (maiúsculas acrescentadas :)

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segunda-feira, abril 09, 2012

:) mini-conto do inferno do eterno descontentamento do Misógino D.Juan :)

...na pré-adolescência, substituíra os Afectos da desestruturação familiar, a anulação da Mãe por um pai predador de angústias de quem lhe limara as origens humildes e desprestigiantes por um enlace tão falso quanto fortuito, pela veneração dos seus amigos, feiotes, muito mal sucedidos com as miúdas, com que alimentava um ego, gradualmente, despótico, tão megalómano que não conseguia viver sem sentir, qual Nero, o prazer da omnipotência de mandar incendiar Vidas Alheias a seu bel-prazer e sentir as vítimas gritar, espernear  e a pele a fervilhar, num auto-de-fé muito hispânico, cruel e satânico...dois dos amigos muito mais inseguros igualavam-se-lhe, um no padrão familiar, tb outro no índice cognitivo, mas continuava a superá-los por aquela estranha negra e maléfica magia que, enquanto figura clónica do pai, exercia sobre miúdas perdidas, detentoras de corações superficiais ou demasiado frágeis perante um eterno de si mesmo fugitivo...as raízes da Mãe tb ajudavam à higienização genealógica herdada da enviesada figura paternal- no fundo, como qualquer predador, sabia maximizar todos os pontos a seu favor para andar na caça e alimentar-se da Vitalidade que lhe escapava por mais que desse a entender aos pobres amigos, então acomodados a uma vida por ele considerada medíocre, mas que secretamente invejava, pois sabia jamais poder-se sentir alvo do Amor de alguém, por mais Dinamarquesas, Islandesas, Polacas ou Suecas que pulavam à vez no seu leito, mas que nunca lhe poderiam dar aquele tipo de Emoção que rebenta com o peito...mas, durante anos, continuava a iludir-se ao iludir os outros, projectando-se em slides autopromocionais como um D. Juan aventureiro ávido de novas experiências que lhe desvendariam mundos inacessíveis ao comum dos mortais...era isso- sentia-se um deus pelo seu insaciável e compulsivo desejo de modelar, com redobrado e rebarbado prazer, o percurso de meros fantoches que sempre o viram como modelo das investidas tantas vezes travestidas,  pelas suas fantasias  megalómanas e pervertidas, adorava pôr e dispor das Alheias Vidas, não olhava a meios para atingir fins e cada Família desestruturada,  com Crianças ainda mais aquele click lhe dava, insanas gargalhadas divertidas lhe despoletava,  pois cada união devassada era, no fundo, a projecção ritualística daquilo que mais o marcava- a morte de sua Mãe e da sua irmã face a um pai agressor, ausente e manipulador, um mestre nos jogos da vida desvitalizada, um amante tipo tractor, um escroque, um nada... o gozo que lhe dava exercer um fascínio meio mórbido nos amigos, entre os quais um mais velho e um seu primo que se lhe assemelhavam na ambiguidade das orientações...um deles, mesmo casado e já com um Filho, continuava a dançar com ele a valsa da perdição pela insatisfação de quem se nega ao querer tanto afirmar-se como o oposto do que não se é...e o predador continua na sua dança infinita e mortal para se sentir vivo, para se sentir animal...nunca parará, a sua não vida será sempre o reflexo do percurso sem nexo que o seu pai lhes legou e negou...e o predador, enfim, afirmou a sua total misoginia ao desprezar qualquer Mulher que o padrão maternal lhe lembraria...não se queria recordar, o pai, afinal, era-lhe útil, a Mãe permaneceria, na sua mente, como uma mera fraca e fútil que se deixara por um bem parecido e falante homem enganar, esfacelar, gangrenar...um peso que carregaria às costas até a irmã o padrão lhe copiar...  
...não deve ser nada fácil ser-se um vazio, ver sempre o  coração embalado por aquele estranho eslavo ou moldavo frio...eis o retrato de mais um D.Juan misógino perdido pela ambição de ser deus, quando não passa de um pobre e solitário bandido cuja vitalidade da canção se vai esvaindo até mirrar de tal forma que ninguém conseguirá co.mover, pois é preciso Conhecer-se o Amor para se saber Sentir e Escrever, pois a Escrita é como Uma Oração, mais do que a racional mente tem como canal o Coração!!!
...lamento, mas este é o real inferno do seu eterno descontentamento...

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