cuore busy nest

cuore busy nest : . "A ciência nada tem a ver com o inefável: ela tem de falar a vida se quiser transformá-la"Roland Barthes, 1958 (ed. 1997 : 183) : . "Os Céus Dispensam Luz e Influência sobre este mundo baixo, que reflecte os Raios Benditos, ainda que não Os possa recompensar. Assim, pode o homem regressar a Deus, mas não pode retribuir-Lhe" Coleridge (maiúsculas acrescentadas :)

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quarta-feira, julho 09, 2008

A Belita em cultural shock : : quando a aficanização choca com a luso e tansinidade

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VG: Belita, veio ao meu conhecimento de que com que a menina tá em estado de choque cultural. Poquê, com quê, em quê? Podía-nos esclarecê, s´il vous plaît?

BM: Ó quiduxa, é que, cada vez mais, me choca um comportamento muito luso e tanso- neste canteiro à beira-mar encalhado, as pessoas agem, invariavelmente, por interesse próprio, renegando princípios universais, ao mesmo tempo que, paradoxalmente, desinvestem nas suas capacidades críticas individuais para elegerem o gregarismo acefalizante como modelo dogmático. Resultado: grau zero do raciocínio crítico e do respeito pela liberdade individual alheia.

VG: Credo, apre, que a menina já tá como a Beautiful Me a falá em código... Ou voltou aos tempos diamantinos da sua tese mestalizante, com mais hieróglifos po meto quadádo que os enigmas egípcios? Coitados dos seus pofessores- o que eles aturaram e aturam, saravá!

BM: Olhe, querida, vulgarizando: os lusos e tansos confundem capacidade crítica activa individual com passivas conversas de porteira de soleira de porta. Resultado: reunião de condóminos à beira de um ataque de feltros, com os olhos esbugalhados e pulsação viperina acelerada, com a seguinte ordem de trababalhos (eu disse trababalhos? é trabalhos):

1º como encontrar um bode expiatório mais a jeito, de preferência, fragilizado, para descarregar as frustrações vivenciais de quem julga voar, quando, de facto, se encontra na lama a chafurdar, fixando-se, obsessivamente, em alguém que voe mais alto do que as galinhas domésticas e do mato...
2º como se tornar numa não-pessoa quando, em vez de se lutar pela construção dos sonhos individuais, se pugna pela tentativa da destruição dos dos outros e pela efectiva edificação do seu pesadelo, quando se julga a estar a impô-lo aos demais.
Enfim, idiossimpatias, como diria a menina....

VG: Irra, que fiquei na même como la lême...

BM: Melhor, menos se cansa...A ignorância, por vezes, é uma bênção (a curto prazo, pois, a longo, é sempre uma maldição terrífica...)

VG: Ah, tá bem, po isso é que, po vezes, po estes lados ulta-periféricos, se ouve a expessionis, expessione "Santa Ignorância"...It makes sense...Nunca se pensaria ouvi tal coisa em anglófofo: Holly Ignorance- seria quase impensável afimá-lo num clima anglosaxónico...

BM: Bingo! Mas, uma pequenita nota de roda o pé: já muitas criaturas africanizantes se aculturaram a esta acefalia colectiva...Uiiiii, conheço tantas....

VG: A sério? Não me diga- e esqueceram-se das raízes?

BM: Quais raízes? Este tipo de plantas vive, sempre, em regime de parasitagem, não criam raízes muito profundas, pois a sua alma é vazia, são aquilo que mais lhes convém parecer ser...

VG: Ah, tá bem, mas a menina tava a falá de plantas ou de zombies? Agora, fiquei confusa...Então, po que não pôs uma janela tvisiva pa change the subdeject? Ai que falta de competências iconófilas, credo!
Bem, vou ali bebê um capilé e já volto- fiquei com uma ligeira vontade de regugitá o caril de caranguejo e o batido de goiaba que a menina me ofereceu...

3 comentários:

Henrik disse...

VG nessa espessura que sublimemente veicula no seu diálogo com BM, o que entende por 'princípios universais'? Falamos de lei moral ou estamos a outro nível de enunciados?
Não se afirma a santa ignorância num ambiente anglófono? só se for recentemente pois foi de lá que partiu as ilações mais coerentes retiradas do cogito francês (que é de todos). Talvez lá, como em todos os lados a ignorância seja santa.
P.S. Subscrevo o texto na Zinkolândia!:)

Isabel Metello disse...

BM:

henrik,

Princípios universais são aqueles que se assemelham aos que cosntituem a gramática universal que se particulariza quando actualizada em parâmtros distintivos.
Engraçado, agora que toca no assunto, se formos comparar as virtudes greco-latinas com as cristãs e com as laicas provenientes da Revolução Francesa ou mesmo da Americana certamente que chegaremos a princípios transversais a todos estes sistemas idiossincráticos. Se comparar o cristianismo e o budismo, então, chegará a certos princípios partilhados profundamente que, aparentemente, se confrontam. Quer que enuncie alguns?
Lealdade, Honestidade, Liberdade, Igualdade, Solidariedade, etc. Claro que a actualização distintiva, por parte destes sistemas ideológicos, do conceito de liberdade, por exemplo, poderá relativizar o seu carácter universal, mas que, na estrutura profunda, o conceito encontra uma pureza transversal, a meu ver, encontra.

VG: Ó Henrik, Vossa selência não julgue que nós tamos a querê afundá um baco já naufagado, não, que nós somos da Bigada da Constução, a da Destuição é nouto depatamento mais negérrimo. Claro que a santa ignorância é universalis, universale, mas convenhamos, num país onde uma mentalidade provinciana, ainda que, por vezes, com matizes sofisticadas (há a mentalidade de soleira de porta de porteira de bairro; de porteiro de discotecas in e de completamente vips, mas a essência é a même comme la même...), domina as consciências, o que qué que nós digamos? Po favô, metamos o pé no aceleradô, se chocá, não faz mal, talvez a malta com a rutura, dirima o mal...

É que esta gente não diz: cogito ergo sum, mas sim não penso logo insisto...Esta malta confunde capacidade quítica ativa com coscuvilhice de café...Ora, o pincípio pá manutenção da santa ignorância é a desistência de si em pol da influência dos outos.
É tudo uma questio, questionis de respeito e afirmação pelo e do indivíduo. Num país onde os rebanhos são o modus convivendi mais confotáveis como é que quê que alguém pense ou aja po si (po eles, não po si)? É logicamente impossibilis, impossibile. Ao menos, num clima anflófofo, há essa afimação da individualidade de foma assetiva...claro que não falo das exceções à rega (de noma, não de regá as plantas).
lol,

Belita e Vaca Gállica

Henrik disse...

Esses princípios que se assumem como universais, e com os quais não discuto solidez formal são abordados como pertencentes ao mesmo plano moral (atenção: não estou a implicar consigo, mas já que apresenta argumentos filosóficos pelo menos discutamo-los). As 'virtudes' gregas procuravam, como Stirner bem visualizou, uma idealização do real. Um mundo onde o bem fosse possível. Na época cristã, fez-se sobretudo uma realização do ideal. Não são a mesma coisa, aparentam. A moralidade grega era em função da polis (não tem pontos comuns com a cristã até S. Agostinho a 'inventar'). A moral cristã é em função de princípios tidos como divinos no sentido monoteísta. Cristianismo e budismo são efectivamente parecidos, mas um nega a existência de um mundo terreno incorrupto, outro partindo dessa corrupção assume que devemos mudá-la na terra. Os escritos budistas não indicam qualquer moral transecendental no sentido cristão, trancender-se em budismo é superar-se, no cristianismo é superar o humano para se juntar a Deus (e este nem o exmo. Paulo Borges da Associação Budista rebateu).
Por fim, o cogito..oh o cogito...o cogito serviu muito bem os intentos de Descartes para fundamentar toda a sua metafísica (e não só) mas quando nos perguntamos qual é o fundamento, recebemos sempre a resposta: é Deus. Ora bem, num mundo em que Deus é questionado esse fundamento é autofágico.
O pior que se pode fazer é confundir universalidade com universalismo. Os princípios morais ocidentais não são simétricos aos orientais. Nem em África se aplica a universalidade europeia. É preciso perceber que não é a universalidade mas a individualidade (i.e. não é a igualdade que devemos procurar mas o respeito pela diferença) que se deve atingir se quisermos um mundo melhor.
P.S. a individualidade é uma afirmação alemã, Stirner, Feuerbach, eventualmente Marx.
P.S. Gosto muito de a ler, e nota-se que é mais do que informada, p.f., tenha cuidado porque por vezes assume que eu a estou a atacar ou a julgar-me absolutamente certo e não é isso que faço. Discutir ideias é um princípio democrático (infelizmente mais ocidental que outra coisa).
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:)