...desde pequenita, a Obra Camoniana faz parte do meu imaginário, talvez porque sempre me habituei a festejar o aniversário no dia anterior a um feriado ao Poeta consagrado, talvez porque Camões está biográfica e poeticamente contextualizado no Índico, em cujos mares transparentes mergulhei pela primeira vez e cujo magnífico pôr-do-sol jamais me sairá da retina que o reteve...
...a obra do Poeta (Sonetos e Os Lusíadas) herdadas e já em muito mau estado (edições já antigas... :) acompanhou-me desde sempre- dos Sonetos recitados pela minha Mãe (lembro-me que até foi Ela que me legou alguns livros do Colégio onde encontrei a citação "por tanto Amar a minha Pátria não me contentei em viver nela, mas morrer com ela", aos bancos da Escola até à Faculdade e, desde aí, sempre...:)
...habituei-me a ouvir que o Amor Camoniano é pleno de sensualidade ( que o soneto "Alma minha..." seria um trocadilho sensualizante, que apostava na amálgama, e que a Ilha dos Amores n´Os Lusíadas seria uma clara apologia do Amor Erótico, tipo um céu islâmico mais ocidentalizado, numa colagem que julgo primária entre a sua biografia (plena de paixões assolapadas, de Amores Eternos e de invejas, intemporalmente, adstritas, numa nação carpideirística que calcinifica (neologismo mais catita! :) os vivos para se nutrir até à exaustão da sua obra quando mortos...:)
...no fundo, é só mais uma comprovação da teoria da antropofagia ou necrofagia primitiva colectiva que modela esta sociedade, tendencialmente, falsa beata...pergunta retórica :) onde estavam os adoradores post-mortem destes Homens quando da sua agonia em vida?...
...tomemos como exemplo outro Ser Sublime- o Senhor Cônsul Aristides de Sousa Mendes-
...tomemos como exemplo outro Ser Sublime- o Senhor Cônsul Aristides de Sousa Mendes-
onde estavam os seus actuais aduladores quando padeceu e foi sepultado por víboras sistémicas? ...e , aqui, não falo só de Salazar, porque, em termos geoestratégicos, o Acto Sublime do Senhor Cônsul e da Sua Família , de facto, pôs em causa a neutralidade de um país low profile, cujos "brandos" a mim, soam-me mais a cobardes costumes, falo, sim, dos libertários modelados pelos m.o. desvitalizantes... por que Salazar não o reintegrou após a Segunda Guerra Mundial? não terá sido pela pressão das víboras sistémicas?hum (dedo circulando no nariz..:)...bem Salazar era Touro e, pensando bem, estes não costumam perdoar desobediências à sua auctoritas, que julgam intocável...às vezes, enganam-se! :)
...até porque veja-se- se alguns autores associam a terciarização à tendencial feminização social implícita à sociedade de consumo, Portugal é um fenómeno inexplicável, pois mesmo quando as Políticas de Transporte e a expulsão dos judeus (não falando da conversão à força de outros no porto de Lisboa, os cristãos-novos, que serviram de bodes expiatórios a uma Inquisição criminosa, nefasta, cobarde, frustrada, pirómana, que exultava com o sofrimento alheio para onde pudesse canalizar as suas pulsões mais primárias...:)
estas não eram acompanhadas por um real desenvolvimento da agricultura e da manufactura, impedindo-nos de, mais tarde, sofrermos o "choque tecnológico" (Sua Eminência iria gostar desta! :) da Revolução Industrial e de perdermos muitos outros anteriores (um real Renascimento, os ecos de revoluções progressistas (e, atenção, o terror de uma delas sempre me lembrou algumas figuras tétricas de gente doméstica e domesticada pelos superiores hierárquicos, mas com as garras bem afiadas para quem julgam frágil, que confunde liberdade com libertinagem, muito em voga por aqui, principalmente, no seio dos revolucionários de pacotilha que sabem reciclar como ninguém princípios colectivos em interesses privados, transformando qualquer sistema numa oligarquia entrópica, endogâmica nefasta e destrutiva...:)
...no fundo, somos um povo que, tendencialmente, desconhecendo o verdadeiro conceito de Liberdade (que implica uma capacidade pró-activa individual crítica e o respeito pelos traços distintivos do outro :), só nos revemos em ditaduras gregárias, mais ou menos explícitas, reticularmente, apoiadas em pequenos poderes, porque são os pequenos poderes que minam ,de facto, esta nação, pois só sabe lidar com o poder quem tem Educação...:)...
...mas já me perdi- e por que é que Portugal é um fenómeno inexplicável?...porque sempre vivemos as correntes em lume brando e mesmo antes da terciarização já a feminização social estava cá implantada em toda a sua pujança... quando a sociedade de consumo se implantou, tardiamente, o que nos fez "viver 50 anos em 5", como diria António Barreto, então, ui!, foi uma catarse colectiva, da qual estamos a pagar, hoje, a factura!
...voltando ao Senhor Cônsul- o que lhe faziam estas carpideiras sistémicas viperinas que após a sua morte o passaram a idolatrar? ...viravam-lhe as costas em plena rua, jamais alguém o apoiou, antes se deliciavam, burocrática e necrofagicamente, com as suas misérias, quando nem se davam conta que os verdadeiros miseráveis eram eles...não há nada pior que a miséria moral e dessa Estas Almas nunca padeceram...
...invejas que fizeram que o Poeta tivesse dado com os costados no desterro (mais um pormenor que só engrandeceu uma Alma de Platina que, mais do que um Poeta e um Esteta Petrarquista, era um Ser Evoluidíssimo em termos Éticos e Anímicos... :)...interessante, pois Camões perdeu um olho em Ceuta, mas tal pormenor, nunca, jamais, em tempo algum o fez perder A Visão, Aquela que Vê para além das aparências, muito pelo contrário, essas peripécias só A limaram...
...como diria Coleridge :) " Os céus dispensam a luz e influência sobre este mundo baixo, que reflecte os raios benditos, ainda que não os possa recompensar. Assim, pode o homem regressar a Deus, mas não pode retribuir-lhe..."
...a propósito eu, no meu egocentrismo terreno, associei a peripécia biográfica de Camões em Ceuta a uma contingência da minha própria existência- nunca mais me esqueci de uma coincidência que me fez pensar que essa categoria não existe para quem crê que cada acaso na vida traz Uma Lição, se devidamente reciclada, com Humildade (atenção :) distingue-se, claramente, de subserviência! :)- a primeira conferência para a qual fui chamada (ainda estava na Universidade Católica e ainda estava em vias de completar a parte lectiva do Mestrado :),... num impulso, quase juvenil (isto da juventude interior tem muito o que se lhe diga,...:), enviei uma proposta de artigo para o call for papers que vi anunciado na Casa para onde haveria de voltar- a Universidade Nova de Lisboa... :) foi em Ceuta e soube que tinha sido aceite no dia 10 de Junho de 2003...ainda que já tivesse pisado, anos antes, solo africano supra-sariano, senti ali um reconhecimento, de certeza, por sugestão, pois tudo ali se me revelava encantado, mais não seja pelas pessoas tão maravilhosas que conheci..mais não seja porque, desde Moçambique, que não voava num helicóptero e de Málaga a Ceuta lá fui eu numa versão militar (engraçado, pois, na Ponte Aérea tb regressámos num avião militar..:)...
...mas voltando à Obra Camoniana- sempre duvidei da interpretação egotista e terrena das Palavras Sublimes de quem ultrapassou essa condição dado que, embora este tipo de Amor possa estar incluído no grupo das variantes que o Poeta, um admirador da cultura greco-latina, distinguia, a sua Obra não pode ser, nunca, jamais, em tempo algum simplificada pelos nossos olhares umbiguistas...sempre perscrutei ali Algo Sublime -o Amor Universal- , no fundo , numa linguagem mais marketizada, a holding das suas várias extensões ... não sei porquê, talvez por ter feito um trabalho sobre Os Lusíadas como Viagem Iniciática, com base na obra homónima de Hélder Macedo e ter contactado com a obra de Jorge de Sena sobre Os Lusíadas...nunca esquecendo que, para Camões, o Carácter Sublime do Amor está relacionado com uma Auto-Superação que permite um Idealismo Supremo que Diviniza o Próprio Amor- Amar o Amor nas suas variantes, nunca esquecendo a Base- o Amor Universal a toda e qualquer criatura, desde a mosca ao jacaré, que partilham a Centelha Divina...
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