...há uma espécie de vírus colectivo, neste cantinho à beira-mar desperdiçado, que ataca todas as áreas de actividade- desde a académica, à jornalística, à artística, à museológica, etc...Graças ao Cosmos, este Governo decidiu cobrar a entrada nos museus- só revela inteligência pragmática- os Britânicos fazem-no e isso só abona na entrada de divisas externas e na valorização do seu património cultural...porque convenhamos- que percentagem de Portugueses visitam museus, regularmente? quase nula, logo, os principais visitantes- os turistas, muitos dos quais Britânicos- até considerariam totalmente justo que se pagasse para entrar, porque, nos seus países, é essa a política, para além de que não têm aqueles pruridos de separar de forma tão dicotómica cultura erudita da popular, pois até no mesmo museu pode estar uma estátua de Rodin, fachadas góticas de igrejas e uma exposição de Alta Costura, utilizando de forma fantástica estratégias de marketing cultural para promoverem os seus ex libris...e nós? quase niente, apesar de o status quo estar a mudar, Graças a Deus!...
...ouvi, certa vez, num forum sobre Políticas Culturais, uma vereadora que não só assumiu em público ocupar o cargo que tinha porque era amiga do Filho do Presidente da Câmara, como disse que designava como cultura apenas e tão só a Literatura e Artes nobres, nunca incluindo em tal conceito festivais nem concertos...por Amor da Santa!
...avoltando às entradas pagas nos museus- agora, aposto que os tais que não iam a museus vão fartar-se de refilar pois não podem pagar para entrar onde jamais entraram, tipo aquelas crianças birrentas que só se lembram de um brinquedo em que nunca pegaram quando outra lhe acha piada...mas dinheiro para entradas nos estádios, nas kidzanias e noutros locais de entretenimento já têm...então em que é que ficamos???- se a cultura erudita é tão transcendente por que raio não há-de ser tb taxada? ah, está bem, é porque é tão diáfana que não pode ser associada ao vil metal, mas quando é para os subsídios já a história é outra!
...meu Cosmos! e pensar que a Literatura Moderna nasceu do corte irónico com os grandes heróis epopaicos, nomeadamente, actualizado por essa obra fenomenal que é o D. Quixote de la Mancha, com a progressiva elevação do cidadão comum e da banalidade quotidiana a leitmotiv....pensar que a ópera tanto tem de popular e pensar que, um dia, num futuro longínquo, a Madonna, o Prince ou a Lady Gaga podem ser analisados como uma instalação ambulante de Dalí!
Sem comentários:
Enviar um comentário